Evolução que emociona

Evolução que emociona

O Coral Viva Voz, com pacientes que reaprenderam a falar após a retirada da laringe para tratamento de câncer, comemorou a proximidade do Natal e os 150 anos da laringectomia total, com apresentação no Ambulatório do Hospital Santa Rita

 

O que, em dezembro de 1873, parecia impossível e mesmo assim foi realizado, agora, em 2023, é feito com muita habilidade por cirurgiões de cabeça e pescoço em todo o mundo e com um salto evolutivo inimaginável para os cirurgiões que, há 150 anos, ousaram em fazer o que parecia impossível: retirar toda a laringe do paciente para tratar um câncer.

Após 150 anos da primeira laringectomia total, realizada por Theodor Billroth, em dezembro de 1873, na Áustria, o que certamente era considerado impossível naquela época, atualmente é real: mesmo sem a laringe, o paciente volta a falar.

Parece até que a frase do poeta e romancista francês Jean Cocteau, nascido em 1889, foi feita para os profissionais envolvidos nos avanços da medicina e da tecnologia na área médica: “Não sabendo que era impossível, ele foi lá e fez”.

Viva Voz

Em comemoração à proximidade do Natal e aos 150 anos da laringectomia total, o Coral Viva Voz, formado por pacientes laringectomizados totais que fazem parte do Projeto Viva Voz para reabilitação vocal dos pacientes tratados na Afecc-Hospital Santa Rita, se apresentou, no dia 06/12, às 14h30, no Ambulatório do Santa Rita. Eles cantaram duas músicas sozinhos e, depois, o Coral de Voluntários da Afecc se juntou ao Viva Voz para as demais apresentações.

O cirurgião de cabeça e pescoço Dr. Evandro Duccini, coordenador do Programa de Reabilitação da Voz da Afecc-Hospital Santa Rita ressalta que as possibilidades de recuperação da voz são por meio do uso do laringofone (equipamento eletrônico), da prótese fonatória e pela chamada voz esofágica. (veja abaixo).

O fonoaudiólogo é o profissional que analisará cada caso e, junto com a equipe multiprofissional, indicará as novas formas de comunicação e de respirar pelo traqueostoma (orifício no pescoço por onde a pessoa passa a respirar) após a laringectomia total.

O trabalho de reabilitação da voz na Afecc-Hospital Santa Rita teve início em 1995, com o Programa Viva Voz que, em 2011, montou o Coral Viva Voz. Esse coral reúne, atualmente, uma média de oito participantes, todos laringectomizados totais, que utilizam o canto como forma de aprefeiçoamento vocal e se apresentam em datas especiais e previamente agendadas pela equipe. As apresentações ajudam na divulgação e incentivo da reabilitação vocal, na interação social, autoestima e demais benefícios que a música proporciona.

 

SAIBA MAIS

O que é laringectomia total?

A laringectomia total é a remoção de toda a laringe, por meio de cirurgia, para tratar um câncer que se desenvolveu no local e está em fase avançada que inviabiliza tratamentos conservadores.
Nos casos de diagnóstico e, consequentemente, tratamento precoce, é possível tratar da doença sem a remoção total da laringe.

 

O que é laringe?

A laringe é uma estrutura localizada na garganta, muito importante na produção da fala, além de impedir a aspiração de alimentos para os pulmões durante a alimentação. Ela é dividida em glote, supraglote e subglote. E é na glote onde estão localizadas as pregas vocais, que vibram com a passagem do ar e produzem os sons, permitindo a fala. Quando a laringe é afetada por um câncer, a capacidade de fala pode ser comprometida.

 

Evolução na reabilitação pós-laringectomia total

A laringectomia total leva a perda da fala e modificação na respiração, que passa a ser realizada pela exteriorização da traqueia no pescoço (traqueostoma).  Nesses casos, é necessário ensinar ao paciente novas formas de realizar essas funções. O fonoaudiólogo é o profissional que analisará cada caso e, junto com a equipe multiprofissional, indicará as novas formas de comunicação (seja por meio de técnicas ou aparelhos) e de respirar pelo traqueostoma (orifício no pescoço por onde a pessoa passa a respirar) após a laringectomia total.

As técnicas que ajudam os pacientes na reabilitação vocal são:

  • Prótese fonatória: o cirurgião de cabeça e pescoço faz um orifício entre o esôfago e a traqueia para inserir uma prótese com válvula para permitir que o ar expirado passe pela garganta e produza vibrações para a emissão da fala, criando um som próximo da voz normal.
  • Laringe eletrônica ou laringofone: também chamada de eletrolaringe, é um aparelho eletrônico externo com uma membrana vibratória que, quando pressionado no pescoço, transfere o som para a boca e possibilita a emissão da voz. Nesse caso, a voz terá um som mecanizado.
  • Voz esofágica: é uma técnica em que o paciente aprende a movimentar o ar no esôfago e na garganta, produzindo sons que serão usados para a emissão da fala. Quando aprendida, não necessita de aparelhos ou próteses para possibilitar a comunicação. A voz esofágica é rouca e a comunicação é com frases mais curtas. Essa técnica é indicada após análise multiprofissional, cabendo ao fonoaudiólogo treinar o paciente para usar a voz esofágica.

 

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